
O neofascismo e a tragédia no Amazonas
"Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?"
Milton Nascimento / Fernando Brant
Fábio José de Queiroz
Professor da URCA - Universidade Regional do Cariri
Neste artigo, discuto o nexo entre o governo de características neofascistas, que se assenhoreou de Brasília, e a tragédia que se abate no Amazonas, bem como qual deve ser o centro da tática dos que lutam pela derrocada desse condomínio governamental de extrema-direita.
Estamos em meio a uma guerra civil, pois fascismo é sinônimo de guerra civil. Cada batalha vencida pelos fascistas significa mais corpos no chão. Em suma, mais mortos. O caos,

Aqui, cabe uma pergunta: eram fascistas todos os que se mobilizaram e cercaram o palácio do governo amazonense no último mês de dezembro? Seguramente, não. Mas, em última análise, as pessoas foram arrastadas pelo programa e o grito de guerra dos neofascistas que, desde Brasília, movem as suas peças no tabuleiro de xadrez da luta política.
O fato é: Manaus sufoca. O governo municipal (o que saiu e o que entrou) é responsável. O governador, idem. Agora, é preciso hierarquizar responsabilidades. Nesse sentido, o

Mourão declara que não tinha como prever o que ia acontecer em Manaus. Além disso, defende a "tese" de que não é possível "disciplinar" o povo brasileiro. Ora, o governo não só previu o que podia acontecer como aplicou uma linha na qual o genocídio era o ponto de chegada. Nessa perspectiva, os genocidas da capital federal disciplinaram um setor de massas apto a assegurar o triunfo dessa linha.
Logo, a variante do vírus - que é apontada como a causa principal desse novo estágio da mortandade no Amazonas - tem responsabilidade no aumento letal de casos da Covid-19, em Manaus, provavelmente, mas a câmara de asfixia só se explica por uma presença recorrente: a do neofascismo e a sua política de morte.
A LUTA POLÍTICA CONTRA A NECROPOLÍTICA FASCISTA
Ao longo da história, o fascismo se caracteriza como aparelho mobilizador, assentado na provocação, no desespero e na violência. Além disso, transforma a contrainformação em uma norma pétrea de suas técnicas e práticas.
Não por acaso, Bolsonaro diz que fez a sua parte. Sem dúvida que sim. O qual era a sua parte? A difusão de ordens do dia no sentido de desenvolver a necropolítica. A resultante mais trágica trafica, agora, pelas casas, hospitais e ruas amazonenses. O fascismo, como corrente histórica, sempre viu a morte como "encenação", "estética" e "performance". Por isso, a pandemia é só uma "gripezinha" e, ao fim e ao cabo, todos iremos morrer.
O certo é que não há como conter a "performance da morte" sem derrotar o fascismo, independentemente da sua cepa. A luta pelo Fora Bolsonaro precisa voltar ao centro da luta política. Pode-se discutir a forma pela qual se deve defenestrar esse governo. O que não deve ser discutido é o seu conteúdo. Se isso parece extremo ou duro, pensemos, antes disso, no extremo e no duro que é a morte sob a regência de um governo em que a bússola do fascismo afia e aponta a sua agulha no rumo do norte da morte.
Na guerra civil em curso, ora latente, ora aberta, só a luta popular será capaz de deter a avalanche bolsonarista e, desse modo, remover a sua política genocida. É sob a bandeira do Fora Bolsonaro que se pode unir e mobilizar as forças sociais capazes de apontar uma nova direção a um país que não para de enterrar os seus mortos.
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